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Por que amamos Ney Matogrosso e Maria Bethânia?

  • Foto do escritor: TriboQ Q
    TriboQ Q
  • 2 de jul.
  • 2 min de leitura

Por Eduardo Sousa


Em um país que tantas vezes tenta silenciar as vozes dissidentes, duas seguem ressoando com força e beleza: Maria Bethânia e Ney Matogrosso. Mais do que ícones da música brasileira, são presenças vivas de liberdade, reinvenção e resistência. Nunca se apresentaram com a bandeira LGBTQIA+ nas mãos, mas seus corpos, escolhas e trajetórias sempre falaram por si.

Maria Bethânia e Ney Matogrosso
Maria Bethânia e Ney Matogrosso

Agora, em 2025, Maria Bethânia comemora 60 anos de carreira com uma nova turnê que já emociona antes mesmo de subir ao palco. O espetáculo percorre Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador, com repertório que revisita obras marcantes como Rosa dos Ventos (1971) e A Cena Muda (1974), além de incluir músicas inéditas de nomes como Chico César e Adriana Calcanhotto. A estreia solo vem após a bem-sucedida turnê conjunta com Caetano Veloso, e marca um novo momento na vida artística da cantora, mais centrado, teatral e intimista. Bethânia segue sendo Bethânia, uma presença que impõe respeito com a mesma força com que oferece colo.


Sua vida fora dos palcos também reflete essa coerência. Discreta, mas firme, vive um relacionamento com a estilista Gilda Midani desde 2017, com quem se casou recentemente. Gilda também assina os figurinos do novo show, consolidando uma parceria estética e afetiva. Bethânia nunca se deixou enquadrar em expectativas ou rótulos, seja no amor, na fé ou na arte. Sua espiritualidade caminha com ela sem precisar de tradução. Entre missas e terreiros, entre reza e silêncio, ela constrói uma presença que escapa de qualquer molde.


Enquanto Bethânia sussurra com força, Ney Matogrosso segue gritando com elegância. Aos 83 anos, ele talvez seja o maior exemplo de como a arte pode atravessar o tempo sem se curvar. Em 2025, teve sua trajetória contada no filme “Homem com H”, estrelado por Jesuíta Barbosa e dirigido por Esmir Filho. A cinebiografia foi um sucesso absoluto, com mais de 600 mil espectadores nas primeiras semanas, elogios da crítica e uma nova geração encantada com sua ousadia. Mas Ney não vive de passado; continua se apresentando, se reinventando, se colocando em cena.


Foi destaque no Castro Festival, em São Paulo, e também tema de uma exposição especial no Museu da Imagem e do Som. Participou de programas de TV, falou sem medo sobre sexo, paquera, maturidade e liberdade. Em 2026, será o enredo da Imperatriz Leopoldinense no Carnaval do Rio, um reconhecimento da importância cultural e simbólica que seu corpo e sua arte carregam.


Ney e Bethânia são diferentes em quase tudo. Ela, centrada, mística, solar. Ele, performático, veloz, elétrico. Mas compartilham algo essencial: o compromisso com a própria verdade. Nunca estiveram onde se esperava, nunca pediram licença e nunca pararam de transformar aquilo que tocam.

Eles nos ensinam, sem fazer discurso, que envelhecer pode ser revolucionário. Que amar pode ser silencioso ou escandaloso e ainda assim legítimo. Que a arte tem o poder de curar, provocar e manter acesa uma chama que o tempo não apaga.


Amamos Ney Matogrosso e Maria Bethânia porque eles são muito mais do que artistas. São faróis, memória viva e prova de que viver com coragem também é uma forma de cantar.

 
 
 

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   © 2023 por Gabriel Costa. Orgulhosamente criado com Wix.com

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