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Paris 2024: A Presença LGBTQIA+ nas Olimpíadas

Por Eduardo Sousa


A participação de atletas LGBTQIA+ nos Jogos Olímpicos tem aumentado significativamente ao longo dos anos, refletindo um progresso constante em termos de aceitação e visibilidade. Em Tóquio 2020, 186 atletas assumidos competiram, enquanto Paris 2024 estabeleceu um novo recorde com 193 atletas queer de 27 países, conforme dados da revista Outsports. Este aumento é um testemunho do avanço em direção à inclusão e da coragem dos atletas em se assumirem publicamente.


Os Estados Unidos e o Brasil lideram em número de atletas da nossa comunidade, com 32 e 30 representantes, respectivamente. No entanto, a distribuição ainda é desigual, com a maioria dos atletas provenientes de regiões onde ser LGBTQIA+ é legal e culturalmente aceito. 


Em contraste, nações com leis que ferem nossa identidade, como países da Ásia e África, têm uma presença muito menor de atletas LGBTQIA+, destacando os desafios contínuos enfrentados pela comunidade em várias partes do mundo. Na Ásia, há apenas três atletas LGBTQIA+ competindo, e na África, apenas quatro, incluindo a boxeadora Cindy Ngamba, que faz parte da Equipe de Refugiados e nasceu em Camarões, onde ser homossexual é crime.



Crédito: Reprodução Internet


A Cerimônia de Abertura de Paris 2024

A cerimônia de abertura das Olimpíadas de Paris 2024, realizada na sexta-feira, 26 de agosto, foi um espetáculo visual que celebrou a diversidade e a inclusão, incorporando referências explícitas à comunidade LGBTQIA+. Um dos momentos mais comentados foi a performance intitulada "Festividade", que apresentou uma cena reminiscente de "A Última Ceia", de Leonardo da Vinci, mas reinterpretada com drag queens de destaque como Nicky Doll, Paloma e Piche. Essa performance, que incluiu a modelo transexual Raya Martigny e música da DJ lésbica Barbara Butch, destacou a nossa visibilidade de maneira poderosa e provocativa.


Outro momento significativo foi o quadro "Liberdade", onde o diretor artístico Thomas Jolly, que compartilhou sua própria experiência de assédio e preconceitos sofridos por ser homossexual, retratou uma Paris onde o desejo e a expressão são livres. Este segmento culminou em uma coreografia sensual com dançarinos vestindo as cores da bandeira LGBTQIA+, concluindo com um beijo entre dois homens e um trio se trancando em um quarto. Estas cenas provocaram reações fortes, especialmente de políticos conservadores e líderes religiosos, que criticaram o que consideraram uma paródia de símbolos cristãos.

As reações à cerimônia de abertura foram mistas. Enquanto alguns elogiaram a celebração da diversidade e a coragem de desafiar normas tradicionais, outros criticaram o que viram como uma afronta aos valores religiosos e culturais. A eurodeputada francesa Marion Marechal, por exemplo, expressou seu descontentamento nas redes sociais, denunciando a cerimônia como propaganda "woke" e lamentando a falta de ênfase nos valores tradicionais do esporte e na beleza da França.


Contudo, a inclusão de referências LGBTQIA+ na cerimônia de abertura é um sinal de progresso e um passo importante para a visibilidade e aceitação da comunidade. Robert Dover, um dos primeiros atletas assumidamente gays a competir nas Olimpíadas, destacou o impacto positivo dessa visibilidade para jovens atletas LGBTQIA+, incentivando-os a perseguir seus sonhos sem medo de discriminação.


O Progresso Durante os Jogos


Enquanto os Jogos Olímpicos de Paris 2024 continuam, a presença e a performance dos atletas LGBTQIA+ estão sendo observadas de perto. A visibilidade desses atletas não apenas inspira os jovens em todo o mundo, mas também desafia estereótipos e promove a aceitação no esporte. A inclusão e o sucesso deles em um evento de tão grande visibilidade como os Jogos Olímpicos servem como um poderoso lembrete de que o esporte deve ser um espaço de igualdade e respeito para todes.


As Olimpíadas de Paris 2024 não apenas estabeleceram um recorde em termos de participação de atletas LGBTQIA+, mas também utilizaram a cerimônia de abertura como uma plataforma para celebrar a diversidade e desafiar normas tradicionais.


Embora as reações tenham sido variadas, a visibilidade e a inclusão da comunidade LGBTQIA+ nos Jogos Olímpicos representam um avanço significativo na luta por igualdade e aceitação. À medida que o mundo do esporte continua a evoluir, a esperança é que a representatividade LGBTQIA+ continue a crescer, inspirando futuras gerações de atletas a competir com orgulho e autenticidade. A celebração de Paris 2024 pode ser vista como um marco, um passo em direção a um futuro onde todos os atletas possam competir livremente, sem medo de discriminação ou exclusão.



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